CARTA DO CEARÁ II
A Coordenação Nacional do II Encontro Nacional dos Fóruns da Sociedade Civil de Defesa de Direitos da Pessoa Idosa, reunida imediatamente após o encerramento do II Encontro Nacional dos Fóruns da Sociedade Civil de Defesa de Direitos da Pessoa Idosa, no dia 26 de novembro de 2010, no SESC IPARANA – Caucaia-CE decidiu pela elaboração e divulgação da “Carta do Ceará II” para comunicar e tornar público para a toda sociedade os resultados alcançados pelo referido Encontro de Fóruns que teve como tema central "A MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO DE FÓRUNS DA SOCIEDADE CIVIL EM DEFESA DOS DIREITOS DA PESSOA IDOSA COM ÊNFASE NO CONTROLE SOCIAL DEMOCRÁTICO”.
O II Encontro Nacional dos Fóruns da Sociedade Civil de Defesa de Direitos da
Pessoa Idosa, com a representação de 11 Fóruns da Sociedade Civil e dezenas de
participantes vindos de vários estados brasileiros, foi coroado de êxito e
avanços tanto em suas discussões e debates sobre os temas quanto sobre as
deliberações, aprovação de moções e aprovação de propostas e encaminhamentos.
Desde a abertura do Encontro com a leitura do “Discurso de Abertura” que
demarcou com bastante ênfase a importância dos Encontros dos Fóruns da
Sociedade Civil como mais um espaço sócio-político na afirmação de um espaço de
protagonismo da sociedade civil e da pessoa idosa e de estímulo e ampliação da
participação social na defesa e garantias de direitos à pessoa idosa, na
efetivação de maior controle social democrático e reconhecendo a necessária
articulação com Órgãos Públicos, com as políticas setoriais e as políticas
específicas ao idoso, com outros segmentos, com as entidades da sociedade civil
e com o movimento social.
Ressalta-se que um dos marcos desse Encontro foi a deliberação em assembléia,
sem nenhuma votação contrária, pela criação do Fórum Nacional da
Sociedade Civil de Defesa de Direitos da Pessoa Idosa, com aprovação da
Carta de Princípios e Diretrizes em plenária, por unanimidade,
instituindo-se como Regimento Interno do Fórum Nacional da Sociedade
Civil de Defesa de Direitos da Pessoa Idosa.
Dos temas centrais voltados para o Déficit da Previdência e o “FUNDO
NACIONAL DO IDOSO, provocaram ricos debates e aprofundaram-se algumas questões.
Ambos os temas acabaram por indicar maior mobilização do segmento de defesa dos
direitos da pessoa idosa e de toda a sociedade para o tema da seguridade
social, maior transparência sobre a utilização de seus recursos e exigências ao
Estado para informar onde estão sendo utilizados os recursos arrecadados pela
Previdência Geral. Em relação ao Fundo Nacional do Idoso – reconhecido
como uma conquista política em que os fóruns da sociedade civil têm um papel
fundamental na sua garantia - reivindicamos breve regulamentação e
implementação, porém com maior participação da sociedade em todo o processo.
O II Encontro Nacional dos Fóruns da Sociedade Civil de Defesa de Direitos da Pessoa Idosa aprovou as seguintes moções:
DE PROTESTO:
· sobre a falta de amplo debate com a sociedade civil organizada sobre a Regulamentação do Fundo Nacional do Idoso.
· pela falta de transparência das contas da Seguridade Social, quando sua contabilidade aponta um falso “déficit da Previdência” e reivindicam ampla divulgação das contas públicas, em particular da Seguridade Social.
DE ALERTA:
· ao Conselho Nacional dos Direitos do Idoso - CNDI e, conseqüentemente, aos demais conselhos estaduais e municipais, para que se ponham ALERTA quanto a organizações e entidades que se intitulam representantes da sociedade civil ou não-governamentais e se candidatam a assentos exclusivos da sociedade civil nos respectivos Conselhos. O ALERTA foi motivado a partir da estranheza da solicitação de inscrição da entidade “Fóruns de Gestores”, composta por gestores governamentais que se candidataram a vaga de destinada à sociedade civil na recente eleição para o CNDI - gestão 2010/2012, porém, não se efetivou somente por esgotar-se o prazo para apresentação da documentação exigida. A moção reivindica que todos os Conselhos estaduais e municipais atribuam como critério e norma para candidaturas a vagas exclusivas da sociedade civil ou não-governamentais o impedimento de pessoas com vínculos governamentais.
DE REIVINDICAÇÃO:
· à Secretaria Nacional de Direitos Humanos para que se aloque no PPA, a ser elaborado, em 2011 recursos para o incentivo, apoio e viabilização de movimento similares ao Fórum Permanente Nacional da Sociedade Civil de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, em conformidade com as deliberações da Iª e IIª Conferências Nacionais de Direitos da Pessoa Idosa.
· ao CNDI para disponibilizar publicamente as Atas e Resoluções das Reuniões Ordinárias e Extraordinárias, ao final de cada reunião.
· ao CNDI para que exija que a SDH publique mais editais voltados para o segmento idoso, conforme seu papel como Coordenadora da Política Nacional do Idoso.
· aos fóruns permanentes para que desenvolvam ações articuladas no dia 19 de novembro – Dia Nacional da bandeira de luta dos Direitos da Pessoa Idosa, tendo como norte uma temática definida no Encontro Nacional do ano anterior como forma de dar maior força e visibilidade às lutas do segmento idoso.
· aos Fóruns para que se articulem para participarem nas elaborações da LDO LOA e PPA.
DE REPÚDIO:
· ao descaso sobre acidentes e violências à pessoa idosa como o que ocorreu em Belém de Pará e o de denunciar os desagravos, hostilidades, arbitrariedades e outras formas de gerofobia que se traduzem em falta de respeito e discriminação para com idosos e idosas, principalmente os que utilizam o transporte público como uma das formas de cumprir o seu direito de ir e vir, como também resolver suas demandas.
· em solidariedade ao Rio de Janeiro em virtude da aprovação do Projeto de Lei 560/2010 que ignorou as manifestações dos Fóruns na luta pela criação de um Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa dentro da legalidade e de legítima garantia de espaço de Controle social democrático. O repúdio se dirige ao Prefeito do Rio de Janeiro, aos Vereadores da Câmara Municipal do Rio de Janeiro e a atual titular da Secretaria Especial de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida da Cidade do Rio de Janeiro que teve seu Projeto aprovado 2006 que atendia na sua totalidade os itens das Leis referidas, que regem na formação de um Conselho Democrático, porém, fez lobby junto à Câmara pela aprovação desta Lei de 2010 totalmente contraria a de 2006.
PROPOSTAS, RESOLUÇÕES E ENCAMINHAMENTOS APROVADOS
O II Encontro elegeu a Nova Coordenação Nacional, que ficou assim composta:
O II Encontro elegeu o Estado da Bahia para sediar o III Encontro Nacional na cidade de Salvador, sob a responsabilidade de operacionalização, infra-estrutura e demais demandas para sua realização ao Fórum Permanente de Defesa do Idoso – BA.
Para finalizar se torna importante reafirmar nosso campo de representação e
ação como movimento social em defesa dos direitos da pessoa idosa. Não há
nenhuma pretensão de concorrer com governos ou instituições, nem ao menos
enfraquecer órgãos governamentais, mas, nosso movimento é de defesa de direitos
e, assim, o de fortalecer as políticas públicas e os poderes responsáveis por
sua implementação no restrito cumprimento de suas obrigações constitucionais.
Nosso entendimento é que quando as políticas são elaboradas em conjunto com os
sujeitos sociais ou protagonistas, servem para fortalecer o necessário
exercício da participação social, organização e legitimação do movimento social
na defesa dos direitos da pessoa idosa e no legítimo controle social
democrático tão salutar no fortalecimento da democracia, na elaboração e
implantação de políticas públicas e na construção da cidadania emancipatória.
Nosso entendimento é de que a sociedade civil contribui com a construção de
direitos na afirmação da cidadania e como tal faz mover os governos. A história
dos movimentos ligados ao segmento do idoso revela uma tradição de forte atrelamento
das suas entidades às instâncias governamentais. Ao longo do tempo
surgiram iniciativas de setores ligados à causa do idoso, que se contrapunham a
este modelo de relação sociedade civil e estado. No entanto ressentíamos da
falta de uma instância de articulação e representação político-social. O Fórum
Nacional e os Encontros Nacionais pretendem, assim, tornarem-se um canal de
representação e atuar como forma de romper com as amarras de tradições de nossa
cultura política que emperram o bom desenvolvimento da participação social e o
Protagonismo no segmento idoso, onde ainda imperam forte atrelamento dos
sujeitos, do movimento social, das instituições e das entidades sociais civis
às instâncias governamentais. Operamos assim como uma legítima e democrática
inversão de direção. Nosso Fórum e nossos encontros se mostram como
espaço público representante exclusivo da sociedade civil, um movimento
autônomo e independente que se expande e já se faz presente em 10 estados da
Federação, com orientação afirmação democrática e participativa, que vem se
afirmando com nosso amadurecimento e crescimento internos. Ao definirmos
as diretrizes e princípios gerais que desembocaram em nosso Regimento Interno,
aprovado na Plenária do II Encontro, dão o norteando de nosso movimento: um
movimento único, irreversível e que consolida ideais. Assim, nos mostramos
confiantes com a possibilidade de dialogar com o Estado, com as diversas
organizações e entidades, com a sociedade em geral e, principalmente, com os
movimentos sociais, a exemplo do que já estamos realizando com a ANFIP, a
CONTAG, a Confederação de Aposentados, com as Federações de Associações de
Aposentados e Associações de aposentados nos Estados e outros Fóruns Setoriais
e de Segmentos para articulação e interlocução nos estados e em nível
nacional. Desta forma, estamos nos consolidando como um movimento
crescente e forte.
Coordenação Nacional do II ENCONTRO dos Fóruns da Sociedade Civil de Defesa de Direitos da Pessoa Idosa
Caucaia – CE, 26 de novembro de 2010.
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